O CAMPONÊS
O camponês dá carinho à sua terra, como carinho dá o filho à sua mãe.
O camponês, tempos atrás cultivava seu sustento, hoje o que faz sustenta o banco e mais alguém...
O camponês bebia água da fonte.
Hoje tem sede, a fonte secou também.
O camponês ainda cultiva sua fé, olha pro céu pra ver se ajuda vem...
O camponês se une com outros roceiros. Se organizando, algum dinheiro até que vem...
Se a coisa aperta o camponês busca outras terras onde há promessa de uma vida que convém.
Se não dá certo, o camponês vai pra cidade,
Ser favelado, boia-fria, zé-ninguém.
Lembra-se da terra, sua mãe, o camponês, e reforma agrária ele quer fazer também.
Se não conquista a terra, o camponês morre de tédio, pois a cidade para ele dá desdém.
Mas, quando morre, o camponês conquista terra, embora sejam poucos palmos que lhe convêm.
Mas pouco tempo pra usá-la tem o camponês, já que logo outros roceiros também vêm, disputam a terra pra descansar também...
(Poema extraído do livro “Geografia em Poesias: tempos, espaços, pensamentos”...).
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